Estudantes de jornalismo da Universidade do Estado da Bahia promoveram uma coletiva cujo entrevistado foi o professor, filiado ao Partido dos Trabalhadores, Bráulio Barros Wanderley. Para a maioria dos alunos este nome era desconhecido pouco ou quase nada se sabia da sua história política. Ao entrar na sala da coletiva nos deparamos com um homem “estereotipadamente” esquerdista, a sua camisa vermelha e o botom de estrela prenunciavam esta idéia. Porém, o professor Bráulio demonstrou, durante a entrevista uma criticidade em meio aos fatos que envolvem seu partido e uma credulidade contagiante na política brasileira.
Nascido no Recife e formado em História, Bráulio Wanderley, esteve sempre envolvido nos movimentos políticos. Antes de ser filiado ao PT, atuava na União da Juventude Socialista – UJS – como filiado do PC do B. Participou ativamente dos movimentos estudantis, envolvido em Diretório Acadêmico e movimentos secundaristas. Atualmente, é presidente do Sindicato dos professores em Petrolina e leciona história em cursos pré-vestibulares. Há 18 anos na política, como filiado de partidos, Bráulio respondeu às perguntas que lhes foram feitas com conhecimento de partidário político e percepção de cidadão insatisfeito.
Durante a coletiva, o professor foi indagado, por diversas vezes, sobre os constantes escândalos que envolvem seu partido e se o motivo para tantos problemas é a divergência de interesses e idéias, segundo Bráulio existe unidade no PT e há uma idéia de reformulação do partido “estamos tentando reconstruir o partido levantando duas bandeiras: socialismo e ética”, afirma. Para ele a sociedade civil precisa agir e cobrar postura do partido. “Eu acredito no Partido dos Trabalhadores. Ética não é monopólio do PT e estamos pagando por esse mito criado a respeito do partido”, acrescenta.
Contudo, a entrevista não se restringiu aos problemas éticos do PT, diversos temas foram abordados: Movimento estudantil, programas governamentais, transposição do Rio São Francisco, política regional, dentre outros. No tocante a política das cidades de Juazeiro – Ba e Petrolina- Pe, Bráulio ressaltou um problema político em ambos lugares, afirmou que a política regional tem característica messiânica e não baseada em projetos partidários. “É ressaltado muito mais a pessoa”, enfatiza. Ele vê a possibilidade de Izabel Cristina se candidatar à prefeitura e Petrolina e sobre Juazeiro, preferiu não se manifestar por conhecer pouco a política da cidade.
A entrevista coletiva trouxe a possibilidade dos estudantes perceberem, através de uma pessoa envolvida na política, o que está sendo discutido dentro do partido, bem como a visão que estas têm do Governo. Bráulio a todo o momento chamava atenção para o envolvimento da sociedade na política, destacou que há equívocos nas críticas aos políticos “as pessoas têm aversão ao debate político, confunde-se políticos com má política”. E que estar inserido é a melhor forma de se fazer política, é necessário que “as pessoas dos movimentos sociais participem do governo, coloque em prática o que reinvidicava no movimento”, categoriza.